Conceitos:
A base filosófica da homeopatia é o "semelhante cura o semelhante" (similia similibus curantur),
utilizando medicamentos que produzem o sintoma da doença em pessoas saudáveis. O termo homeopatia vem do grego "homoios"
que significa semelhante e "pathos" que significa doença. É um tipo de terapia muito popular no século XIX, praticada por
reis, governantes e poderosos da época, violentamente combatida pela medicina clássica. Foi introduzida pelo médico
alemão Samuel Hahnemann (1755-1843) em 1796. Hahnemann um médico muito respeitado, foi um brilhante cientista, tendo
escrito uma obra básica para o estudo da farmácia, "The Pharmaceutical Lexicon". A resistência à homeopatia foi muito
intensa tanto no Estados Unidos como na Europa. Homeopatas eram considerados imorais e não legítimos. A oposição à homeopatia
e aos homeopatas foi sempre mais de ordem comercial e menos científica. Hahnemann polemizou com os farmacêuticos da
época por utilizar o mesmo medicamento para várias doenças e também por prescrever doses mínimas de seus medicamentos.
A situação chegou a um ponto tal que foi preso, sendo obrigado a sair da Alemanha. A Homeopatia é uma forma terapêutica
barata e sem contra- indicações, que acreditam, os sintomas representam a defesa do organismo e não, simples sinais
da doença. Seria um mecanismo de adaptação. A lei dos semelhantes é reconhecida pela medicina convencional no Brasil,
mas pouco em outros paises. O seu principio é utilizado no processo de imunização. Outro aspecto importante da homeopatia é
a individualização do paciente. Cada um tem sintomas que às vezes podem ser até semelhantes ao de outros, mas cada pessoa
deve ser tratada de maneira individual em função dos diferentes aspectos físicos e psicológicos, como e quando ocorrem
os sintomas, sua relação com o clima, os alimentos, etc.. A homeopatia se preocupa em provocar no organismo
os processos de cura que nele existem. Os sintomas refletem estes processos e eles existem basicamente
em três níveis: físico, emocional e mental. Hoje em dia a Homeopatia é popular em todo o mundo. Uma prática médica muito
utilizada na Índia, principalmente por influência de Ghandi, pela Família Real Britânica, por John Rockefeller, Tina Turner
e Yehudi Menuhin. É menos praticada na América do Sul quando comparamos com a Europa, Índia e Estados Unidos. No Brasil a prática já é legalizada desde 1983 e na America do Sul é muito praticado. Na
Europa esta começando a querer ser legalizado. Na Alemanha, na India tem muitos homeopatas, mas nao não podemos dizer
que na Europa é mais que na América Latina. Na Índia porquê possui mais habitantes, existem mais homeopatas.No
Brasil são todos médicos e somam 17 mil atualmente. Na Índia são práticos e médicos. Na Holanda, não chegam a 700.
A Argentina entre 1970 e 1980, já foi o local mais desenvolvido da América do Sul, hoje eles perdem
para o Brasil. No Brasil é praticada desde a época do Império, mas somente em 1980 foi reconhecida pelo
Conselho Federal de Medicina e em 1990 passou a constar do Conselho de Especialidades Médicas da Associação Médica Brasileira,
deixando de fazer parte das práticas médicas alternativas.
(fonte : Bibliomed)
Mara Parrela – A Homeopatia
cura tudo, inclusive câncer?
Dra. Miriam - Não, Homeopatia não cura tudo. Homeopatia é muito indicada, e sempre
vi bons resultados em minha prática médica, em asma, rinite, artrite, doenças psico-somáticas, fobias, ansiedades, doenças
infecciosas, infertilidade, enfim, uma infinidade de doenças. As doenças infantis, ou as otites, sinusites (doenças das
vias aéreas em geral) são um sucesso quando tratadas com homeopatia. Para doenças graves como o câncer, um remédio homeopático
bem indicado, no início pode conferir uma melhor expectativa de vida, melhorando muito a qualidade de vida em termos
de dor, ou até mesmo em termos de prognóstico.
Mara Parrela - O homeopata é também um analista? (Por quê os tratamentos homeopatas são
tão longos, é quase uma terapia?)
Dra. Míriam - A confusão se faz porque os homeopatas fazem uso de uma anamnese
(história clínica) muito aprofundada, onde se investiga tudo sobre a pessoa, procurando as causas psíquicas das enfermidades.
Isto é, uma abordagem psicossomática das enfermidades. Consideramos que tudo começa nesta área (psique), para depois
se desenvolver no plano corporal (soma).
Mara Parrela - Por quê a homeopatia que tem uma proposta integrada de corpo/mente
não tem o mesmo "peso" da alopatia?
Dra. Miriam - Acho que esta coisa pode começar a se reverter. Hoje já estão
sendo feitos estudos médicos controlados, na Alemanha e Inglaterra, e agora quem sabe faremos uma na Holanda (se meu projeto
for aceito), a exemplo da minha tese na universidade em Roterdã, onde se segue pacientes de uma determinada
doença, metade tratando com Homeopatia e metade tratando com medicina convencional. Depois de um período de tratamento,
se avalia a qualidade de vida destes pacientes, quais as pessoas que se beneficiaram com estes tratamentos, quais as
diferenças depois de um ano de tratamento.
Mara Parrela - Você tem pacientes holandeses?
Dra.Miriam
- Tenho.
Mara Parrela - Em que língua
vocês falam?
Dra. Miriam - Como Den Haag é uma cidade onde tem muitas embaixadas e gente do mundo inteiro, eu tenho
atendido pacientes em inglês, português, espanhol, alemão e em holandês. Como você precisa conhecer conhecer muito bem
o paciente, a sua história etc, falar a língua do paciente é muito importante.
Mara Parrela – Valorizam
o seu trabalho?
Dra. Miriam - Penso que na Holanda em particular, tenho sido valorizada pelo trabalho que
eu desenvolvi no Brasil, do ponto de vista da pesquisa e do ponto de vista clínico, pois nós homeopatas no Brasil atendemos
casos agudos, e acompanhamos os pacientes até mesmo no hospital. Não é o caso da Europa, onde as consultas se restringem a
um consultório, acrescentando o fato de eles serem tão cheios de horários para tudo, você não pode telefonar em determinadas
horas pois não está no protocolo deles, como se para adoecermos temos que ter horário.
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Mara Parrela entrevista a brasileira Miriam Sommer, médica homeopata
na Holanda.

Dra.
Miriam Sommer, brasileira radicada na Holanda, está concluindo seu Mestrado em Epidemiologia Clínica na Universidade Erasmus
de Roterdã, com um projeto homeopático para ser instalado na Holanda junto ao sistema médico convencional e os médicos
homeopatas. Para receber o título, este projeto deve ser aceito na Universidade. Ela atua ainda no Hahnemann
Instituut Nederland (www.hahnemanninstituut.nl), em Den Haag. Pertencente a primeira turma da Escola de Homeopatia em
Curitiba no ano de 1982, fez uma complementação na Argentina. Integrou um grupo de pesquisadores da Associação Médica
Homeopática Brasileira, quando passou a experimentar novos medicamentos no Brasil, se transformando na ponte entre o
Brasil, Europa e os Estados Unidos, para apresentar os resultados destas pesquisas. Nesta entrevista, dra. Miriam Sommer faz
um Raio X da sua profissão na Holanda.
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Continua entrevista
Mara Parrela - Você é reconhecida
na Holanda como profissional. Sempre foi assim?
Dra. Miriam - Para poder trabalhar como homeopata tive que revalidar meu
diploma junto a Nederland Vereniging Klassieke Homeopathie – NVKH, que é uma entidade de homeopatas não médicos.
Há 5 meses atrás recebi uma carta muito educada do Ministério da Educação daqui. Eles me pedem desculpas por terem demorado
tanto a responder minha solicitação de revalidação do meu diploma médico que eu havia solicitado em 2000. Assim que
termino o meu MSc, passo a ir para o hospital que me aceitar para fazer a minha formação médica para estrangeiros.
Mara
Parrela - Como é a medicina homeopata na Holanda. Os clientes da medicina tradicional reclamam muito.
Dra.
Miriam - Acho que a postura médica é muito diferente, a consulta alopata dura 10 minutos e tudo é muito minimalista. Mas
tenho lido a respeito e, devido as reclamações dos próprios holandeses, acho que eles possuem interesse em mudar. A
homeopatia, como em todo o mundo, aqui também confere uma hora e meia de consulta ao paciente.
Mara Parrela
- Como é o trabalho entre um médico homeopata e um alopata, no caso da necessidade de uma cirurgia.
Dra. Miriam
- No Brasil a minha postura seria trabalharmos juntos, complementando a questão, ambos sabendo suas limitações. Isto se conquista
na clínica médica, ao longo dos anos, com respeito mútuo, um profissional reconhece a sua limitação e admite ser complementado
por outro e vice versa. Penso que no Brasil a Homeopatia teve sucesso, devido ao fato de nunca nos opormos ao trabalho da medicina convencional.
Ela possui muitas qualidades, especialmente se tratando do diagnóstico da doença e isto deve ser mencionado pois
é uma realidade.
Nota da entrevistadora: Esta entrevista foi feita por computador. Perguntas vão, respostas vem, acrescenta
daqui, tira dali, uma revisada antes da publicação e aí está prontinho para ser aproveitado. Já estava pronto há mais tempo,
seria o último trabalho a ser publicado no site em que colaborei na Holanda. Acreditamos que não fosse ser desperdiçado. E
aí está, valorizados a entrevistada e a entrevistadora, no contínuo trabalho de destacar os brasileiros na Holanda. Um abraço,
obrigada
Mara Parrela
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